As rádios emitem em várias frequências. Estes episódios, contudo, situam-se numa frequência diferente, não uma de rádio, mas de radio. Como em Radioterapia. Episódios de um tratamento oncológico (à suivre)
Terça-feira, 16 de Março de 2010

Sabemos que algo está muito errado connosco quando uma amiga nos diz: "Essa travessia do deserto tem que acabar!"...

publicado por Silvina às 21:49


Já fiz exames, já fui operada, já fui de novo examinada e analisada. Já recebi a noticia, o diagnóstico, já se me foi identificada a doença, quem é, de que género, de que tipo.

Já ouvi, já lidei, já encaixei. Já fui de novo operada, e radio-tratada. Já fui todos os dias ao hospital durante 2 meses, já me senti melhor, já me senti pior.

 

MAS

 

Continuo sem saber como viver com o cancro. Como viver com ele sem o apagar da minha existência? Porque não posso nunca esquecer o que tenho, ou daqui a uns tempos, o que tive. Ainda me custa a entender, como no primeiro dia em que me disseram: "é um cancro", se tenho cancro ou tive cancro. Está cá ou não? Já passou? Ainda não? Então quando passará? E como é que eu sei se vai voltar? Ou que vai passar?

 

PORTANTO

 

Continuo sem saber como viver com este cancro. Não sei se o uso como desculpa para a minha preguiça na vida, para os meus atrasos no trabalho, para as minhas recaídas (que eu sei não terem nada a ver com cancro, porque já cá estavam bem antes dele chegar). Não sei se tudo o resto que me acontece na vida agora é por causa dele ou independentemente dele. Basicamente, já não sei como separar o cancro de mim. E também não consigo aceitar que ele faça parte de mim, porque o quero fora, longe, espezinhado e esborrachado bem longe de mim.

publicado por Silvina às 21:00
tags: ,


 

Hoje não sei se rosno ao cancro ou se é ele que rosna para mim.

publicado por Silvina às 20:57
tags:

Sábado, 13 de Março de 2010

Nos ultimos tempos ando esquiva e fugidia, mas ao mesmo tempo estagnada. Alapo-me na cama, ou na cadeira, vejo séries, umas atras das outras. Saio pouco de casa, senão para ir às compras, porque a comida so desaparece do frigo e não aparece como por magia. Evito grandes conversas, encontros e completos pensamentos. Evito trabalho, ou sequer pensar em trabalho. Ainda vejo mails, por entre as séries. Deixei de ter tempo livre, porque também não tenho tempo ocupado. Daqui a umas semanas mudo de casa. E mudo também de pais. E espero mudar também de ares. E ja agora, mudar de estado de espirito.

 

(e comer menos chocolates. e logicamente emagrecer)

publicado por Silvina às 01:48
tags:

Sábado, 06 de Março de 2010

Já há algum tempo que aqui não me queixo das mazelas dos efeitos secundários. O circo continua. Dores de garganta (menos fortes, é certo), pele do pescoço inchada e dorida, movimentos presos, boca muito sensivel e (ainda) cheia de aftas.

 

A boa noticia é que o gosto dos alimentos está a voltar.

 

A má noticia é que com o gosto vem o prazer de voltar a comer chocolates...

damn it!

publicado por Silvina às 17:33

Quinta-feira, 04 de Março de 2010

Estou atrasada. Atrasadíssima. Já ultrapassei completamente o limite máximo de um deadline para um trabalho que tenho que entregar ontem.

 

Pondero usar a "cancer card". Não sei se é justo. Posso usar o cancro como desculpa de um atraso que persiste há 2 meses? Eu sei que ando cansada, que não estou a ter o mesmo rendimento que antes tinha, que tenho que me poupar, que prefiro ficar deitada a ver séries que ter que ligar o portátil e trabalhar. Mas trabalho é trabalho. é importante. Para a minha sanidade mental, para sentir que fiz algo de produtivo nos últimos tempos.

 

Resumindo, estou brutalmente atrasada, será que posso usar a cancer card sem ficar com sérios problemas de consciência?

publicado por Silvina às 14:29


mais sobre mim
pesquisar
 
Seguir a radiação
Últ. comentários
O Kiva.org é uma ideia bem interessante. Porém, te...
O Kiva.org é uma ideia bem interessante. Porém, te...
Como era linda, meu deus!
Em Janeiro de 2016, aos 53 anos, foi-me diagnostic...
To Blog parabens pela radio !
Desculpe mas percebeu mal: Tout va bien como uma e...