As rádios emitem em várias frequências. Estes episódios, contudo, situam-se numa frequência diferente, não uma de rádio, mas de radio. Como em Radioterapia. Episódios de um tratamento oncológico (à suivre)
Sábado, 17 de Março de 2012

imagem DAQUI.

 

 

Antes da minha 2a recidiva tinha um comportamento muito zen em relação ao tabaco. Tolerava, não me importava que fumassem ao pé de mim desde que não me fumassem para cima, e até tinha vontade de dar uns bafinhos num cigarro de enrolar de vez em quando.

Depois comecei lentamente a desgostar do cheiro, do objecto, da atitude.

Agora acho que quem fuma é parvo.

 

Tenho um amigo que fuma. Muito (1 a 2 maços por dia). Tem 28 anos. Eu ontem perdi as boas maneiras e toda a tolerância e disse-lhe: "sabes que vais ter cancro não sabes? Tens ideia do que dói ter cancro? Vais-te arrepender de cada um dos cigarros que meteste à boca."

Não sei o que é que me deu. Não costumo ser assim tão moralista, muito menos meter-me desta maneira na vida e nas opções de cada um. Mas acho que fiquei enojada pela inconsciência dele, pela atitude de preferir fechar os olhos e fingir que o cancro não existe e que não é com ele (quando eu estava sentada à sua frente, eu, com um cancro ORL em que 90% dos casos são causados pelo tabaco e álcool).

 

Ele respondeu que sim, que sabe que provavelmente terá um cancro por causa do tabaco, mas que se for lá para os 60 anos ele não se importa. Eu respondi: "não vais ter aos 60, vais ter antes." E que tendo cancro aos 20, aos 40 ou aos 60, a verdade é que é uma experiência que CUSTA MUITO, que DÓI, que MATA, que ninguém nunca deveria encolher os ombros e pensar "ékkk, não é comigo."

 

Estou farta de atitudes passivas em relação ao tabaco. Eu sei que é bonito respeitar a liberdade individual de cada um, mas porra, não sou obrigada a gostar de ver um amigo a matar-se com bafos à minha frente e ficar de boca calada.

 

Pedi-lhe desculpa por estar com um discurso assim tão agressivo, mas foi mais forte do que eu.

publicado por Silvina às 16:18

Lá está, respeitar as escolhas do outro não me obriga a esconder os meus pontos de vista, especialmente quando o outro é alguém importante para mim. Acho que, quando escolhemos ficar calados, é porque já não queremos saber!
Um beijinho***
Ana a 19 de Março de 2012 às 06:54

às vezes também é útil ficar calada, depende da pessoa que tens à frente... Mas neste dia não consegui! ;)
Um beijinho*
Silvina a 23 de Março de 2012 às 16:31



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