As rádios emitem em várias frequências. Estes episódios, contudo, situam-se numa frequência diferente, não uma de rádio, mas de radio. Como em Radioterapia. Episódios de um tratamento oncológico (à suivre)
Quarta-feira, 15 de Setembro de 2010

Não sei se foi da anestesia geral que levei em Julho (ou da maravilhosa soma de 3 anestesias gerais em 9 meses), o certo é que estou mais lerda, mais preguiçosa e mais lenta do que nunca.

 

Alguém me sabe explicar como é que as anestesias gerais afectam a concentração?

 

é que estou a ficar sem "cancer card" para justificar os meus atrasos no trabalho...

(e a falta de vontade, como justifico?!)

publicado por Silvina às 20:35

Quinta-feira, 19 de Agosto de 2010

Os últimos posts aqui no blog têm sido um pouco deprimentes, porque andava à espera dos resultados das análises histopatológicas (=àquilo que foi retirado durante a operação). Ontem falei com o Lambard, que me explicou com muita calma e paciência o relatório feito pelo patologista. Confirmou-se a recidiva do cancro, 4 meses depois do fim da radioterapia, com um novo tumor localizado perto da zona de origem e também um gânglio afectado. A parte boa é que foi tudo retirado na cirurgia e as margens estavam todas saudáveis. Continuo a ser um mistério médico, porque ninguém percebe como é que um cancro de desenvolvimento lento se desenvolveu rápido o suficiente para formar um novo tumor em 4-6 meses. Também não vou fazer mais tratamentos. A quimio não funciona no meu caso, a radio pelos vistos também não foi muito eficaz, e portanto, só sobram a cirurgia e a vigilância. Vou fazer exames de 3 em 3 meses (rastreio completo: ressonância magnética, scanner aos pulmões, etc).

 

A conversa com o meu médico acalmou-me a ansiedade, e fez-me perceber a importância de ter uma boa relação com quem nos trata. Porque ele arranja sempre tempo para falar comigo durante 1hora e me acalmar, e me dizer coisas como "o importante é poder continuar a sua vida, os seus projectos", e me fazer ver que a característica que devo desenvolver nesta fase é a adaptação. Sinto-me a viajar num cruzeiro um bocado sem rumo, mas sei que ele não se vai embora, não vai desistir, não me vai abandonar. E que com ele vou até onde for preciso, aguento o que for necessário, para daqui a 5 anos poder dizer que estou viva, e livre disto. é mesmo intrigante a relação tão intima que se estabelece com um estranho, devido às suas competências e às minhas fragilidades médicas. Sou uma lamechas e enviei um mail de agradecimento ao Lambard. Porque ele tem feito mais do que era "suposto", e porque é isso que me ajuda a reencontrar o meu zen.


Quarta-feira, 28 de Julho de 2010

Primeiro ponho isto:
photo
depois isto:
e de seguida este:
ainda tenho que arranjar um destes, mas vai ser difícil, porque tenho uma grande cabeça e ficam-me todos mal. A sério, já experimentei muitos...
publicado por Silvina às 08:32

Sexta-feira, 23 de Julho de 2010

Esta 3a operação não foi no mesmo grande hospital parisiense a que estava habituada. Foi noutro, com outros cenários, outros médicos, outras caras, gestos e cheiros. Assim que entrei vi resmas de gajos giros, completamente atiradiços, e pensei: "Oh gosh, I'm in Grey's Anatomy all over again". é verdade, não sei se é do Verão que traz alegria no trabalho mas eles andavam todos excitados, trocando sorrisos e olhares por todos os corredores. Meteram-se comigo três vezes num espaço de duas horas, e o dobro com uma amiga minha que é mais gira e está habituada a estas situações. Mas tudo isto para dar uma impressão geral do hospital, antiquado mas com gente gira. So far so good.

 

O problema foi que o médico que me ia operar decidiu não passar para falar comigo na véspera da intervenção. Eu já expliquei num post ali em baixo que sou uma maquina de perguntas, que esta cabeça não pára de fazer cenários e trata de centenas de probabilidades por minuto. Claro que tinha a cabeça toda embrulhada na véspera da operação. Uma equipa de médicos (mas faltava o médico que me ia operar, o Dr.Greg) resolveu passar e falar comigo. A médica chefe de serviço teve a lata de me dizer: "Mas o Dr. Greg não vem cá hoje! Ele já falou consigo!" Ao que eu respondo: "Já, há duas semanas atrás. Entretanto houveram novos desenvolvimentos no meu dossier, e eu não sei se a hipótese de operação que ele me tinha explicado HÁ DUAS SEMANAS se mantêm ou não." Ela: "Mas você não precisa de saber isso! Não lhe vou estar aqui a dar uma aula de medicina!" Eu, respirando fundo e olhando-a bem nos olhos: "Não preciso de uma aula de medicina. Preciso de estar informada e enquanto isso não acontecer eu não assino a autorização para a intervenção."

 

UI.

 

Começa a complicação. Então esta paciente quer informações? E não assina o papel? Mau... Estamos mal parados, que isto não entra na mentalidade francesa... Pois, desolée, mas eu acho que tenho direito de estar bem informada sobre o tipo de intervenção que me vão fazer, dado que não é uma urgência, não estou inconsciente e em perigo imediato de vida, estou aqui, bem racional, a pedir que se dignem a vir falar comigo e explicarem-me o que me vão fazer e lavarem-me as duvidas da cabeça.

 

Sinto-me extremamente doida e olhada de lado por todos no serviço.

 

Não assinei o papel até ao dia seguinte, dia da intervenção, onde o Dr.Greg que já estava no bloco subiu ao 1°.andar e veio falar comigo às 7h da manhã. Agradecida pela atenção. Lá assinei. Depois, já instalada na mesa de operações, ainda acrescentei "lu et apprové"...

publicado por Silvina às 08:21

Terça-feira, 20 de Julho de 2010

Ja fui operada. Correu tudo bem, mas estou assim:

 

http://membres.multimania.fr/benootmarjory/nemo-dory.jpg

 

inchada.

publicado por Silvina às 11:22


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