No fim da quimio:
"Precisa que lhe chame um táxi para voltar para casa?", pergunta-me a enfermeira de serviço.
"Não é preciso, tenho a minha bicicleta.", respondi.
Ficou com ar espantado a olhar para mim.
Sim, porque depois de horaaaaaas a levar na veia via cateter, peguei na bicicleta e no caminho para casa fui aviar receitas à farmácia. O resultado foram dois sacos cheios de remédios para todas as eventualidades e uma bicicleta a abarrotar...
São estas minhas decisões parvas que me fazem sorrir. Quem é que no seu juízo perfeito vai fazer quimio de bicicleta, sem saber em que estado é que sai de lá? Eu! Claro que passei a tarde toda a fazer planos alternativos, estratégias para lidar com os prováveis cenários: "saio daqui a vomitar, como faço para ir para casa?" ou "Estou com a cabeça às voltas, se calhar não é boa ideia pedalar..." ou ainda "Estou com náuseas e desequilíbrios, deixo aqui a bicicleta e venho buscá-la amanhã?". No fim a doidice compensou, regressei a pedalar e senti-me bem. This time...