"If you don't start somewhere, you'll get nowhere."
Bob Marley
Esta semana fui hospitalizada, para o tão esperado tratamento à metástase cerebral, chamado Gamma Knife (ou radiocirurgia). Passei noites sem dormir, só a pensar que poderia acontecer o que já me tinha acontecido antes (3 vezes!): o tratamento ser recusado à última da hora porque apareceria qualquer coisa má.
Mas não.
Fizeram-no.
A coisa começou mal, porque tive uma quebra de tensão brutal na véspera, quando a enfermeira me estava a tentar colocar uma agulha na mão. Pensei que fosse morrer ali, naquele momento. E ela também, que de olhos arregalados não saia de ao pé de mim. Mais tarde confessou-me que nunca lhe tinha acontecido a tensão arterial descer assim... Quando comecei a melhorar, disse-lhe para não me tocar mais e me deixar dormir.
No dia seguinte acordaram-me às 5h e às 8h fui para o bloco. Este tratamento, que é apresentado como uma revolução, uma coisa super pipi, ultra moderno, um tratamento de ponta, exige que se meta o paciente numa "gaiola" de metal, presa à cabeça com 4 parafusos:
Assim que me picaram para as 4 anestesias comecei a chorar de dor. Não parei de chorar até ao 12h. Foi bom ser maricas, porque me passaram à frente de toda a gente e fui a primeira a fazer o tratamento. Mesmo assim tive que ficar enjaulada das 8h às 14h30. O quadro de metal preso à cabeça é, nas palavras da minha vizinha de quarto que também partilhou comigo o privilégio de o experimentar, "bárbaro, medieval e degradante". Eu concordo. Percebo a sorte que tive em me terem aceite para este tratamento, espero que funcione (só saberei daqui a 1 mês) mas enquanto me lembrar não repito a brincadeira.
[Também não ajudou ter feito o tratamento uma semana após a quimio, com aquele cansaço, anemia e privação de sono.
Queria ter conseguido responder a todos os mails e comentários, mas tenho estado mesmo cansada, sem energia sequer para teclar.]