As rádios emitem em várias frequências. Estes episódios, contudo, situam-se numa frequência diferente, não uma de rádio, mas de radio. Como em Radioterapia. Episódios de um tratamento oncológico (à suivre)
Sábado, 17 de Novembro de 2012

às vezes pergunto-me se estou a viver bem a vida. Toda a gente diz que não se pode deixar o cancro comandar as nossas vidas, e eu deixei; que tem que se ter outras actividades para além do cancro, e eu não tenho; que não se podem abandonar sonhos e projectos de vida, e eu abandonei.

 

A minha vida é estar doente. Nada mais restou no meu dia-a-dia. às vezes os dias passam sem fazerem sentido, e eu nem sinto que os vivi. Passaram por mim leve, levemente. E se há coisa que me tortura a mente é dar sentido aos dias, cheios de cancro, dar sentido a esta vida que é a minha, encontrar pequenos momentos felizes mesmo quando passo dias na cama. E não é fácil, para uma pessoa como eu que encontrava sentido nas viagens, no evadir-me, no nomadismo, na liberdade de pedalar por ai fora. Agora estou aqui num interregno onde já não tenho nada disso. Vivo num limbo de dias com cancro, a ser e sentir-me doente e cansada, todos os dias.

 

às vezes pergunto-me se lá bem no fundo não me transformei também eu em doença, se tenho o cancro dentro de mim ou se ele se confunde comigo.

publicado por Silvina às 11:16
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Beijinho kikas... Beijinho muito grande!

Amanhã será diferente. Será melhor.
Isabel a 17 de Novembro de 2012 às 12:20

Silvina, chérie.

Permite-me discordar de ti.

Só se desiste daquilo que se pode controlar.

A doença tem-te colocado limitações físicas que nem uma super mulher como tu consegue controlar.

Sempre que consegues, continuas a pedalar, a viajar e fazer aquilo que mais gostas.

Nos outros momentos tens tido uma capacidade de resistência que é tudo menos sinónimo de desistência.

Por isso não há cá confusões

bjs grandes

Susana Neves a 17 de Novembro de 2012 às 12:48

calma... é uma fase, a doença neste momento está num pico, faz-te rasteiras e "amanda-te" à cama... calma... vai passar, e vais-te sentir melhor e logo que tenhas uma oportunidade, um momento, vais aproveitá-lo... eu sei que vais... como dizia uma das tuas fiéis amigas virtuais, tens que escutar o teu corpo... agora é para parar um bocadinho, comeres muito, descansares... a seguir, amanhã, vem um momento de respirar fundo, de carregar baterias...
beijinhos (um destes dias da semana que passou estive a ouvir o "teu" Ibrahim e pensei forte em ti... :))
Monóloga a 17 de Novembro de 2012 às 14:10

A minha avó na sua imensa sabedoria dizia: Filha atrás de tempos, tempos vêm. Por isso minha querida hoje é assim para que o amanhã possa ser diferente.
Continua a acreditar que é possível , nós acreditamos contigo.
Um beijinho muito grande
Maria
Maria a 17 de Novembro de 2012 às 14:11

Minha querida, parece que andamos a sentir de forma semelhante quanto ao lugar que a doença ocupa nas nossas vidas (salvaguardadas as devidas diferenças relativamente à doença de cada uma). Há alturas em que não há outro remédio senão dar-lhe a primazia, porque ela, esperta, foi ocupando espaço sem se notar (um pouco como o meu cão que sobe pela cama fora enquanto eu durmo a sesta e quando acordo tenho-o quase ao pé da cara), instalou-se de tal forma que não podemos deixar de lhe dar atenção para a combater e conseguir, depois, recuperar o nosso espaço. É como diz a Susana num comentário mais acima. Eu por aqui rezo, torço, faço figas para ajudar nessa expulsão do raio do cancro, de modo a que a TUA VIDA prevaleça. E até lá, não podendo sair ou viajar como gostarias, lê, lê muito! Viaja, descobre mundos com os livros. E prepara uma viagem ao Mont St-Michel para a qual ainda te vou desafiar :-))
Zu a 17 de Novembro de 2012 às 15:25

Vou dizer-te o que gosto de pensar para mim. Gosto da ideia de ser possível re-começar em cada segundo, mesmo dentro de todas as condicionantes que imperam. Mesmo assim, podemos parar, pensar, desejar e tentar re-começar. Um começar de novo, um fazer diferente por hoje e depois logo se vê. Na dúvida, na confusão da doença e da pessoa, tenta-se ser a pessoa. Obriga-te, como já te obrigaste noutros momentos. Encontra um pequeno espaço em ti para lá da doença.
Saudades***
Patrícia Aurora a 17 de Novembro de 2012 às 16:52

Não minha pequenina tu não te transformas-te em doença! O teu corpo neste momento está doente, mas tu és força vontade de lutar vontade de principallmente seres sempre mais tu a Silvina que durante este período tem sido uma verdadeira heroína.Beijo-te Maria
MARIA a 17 de Novembro de 2012 às 17:06

Vamos pensar juntas em coisas que dão prazer e significado à Silvine!!! mesmo com as limitações físicas atuais, o que achas? Não exijas tanto de ti, tem sido uma batalha esplêndida. É natural que te canses, ainda por cima no meio de tratamentos.

Se der, escrever o que te apetece. Ligar aos amigos, fofocar. Se for cansativo, uma série televisiva estimulante, um bom livro.

Vamos pensar juntas.

O meu abraço, moça linda e forte.
Melissa a 17 de Novembro de 2012 às 17:39

Querida Silvina,

"depois da tempestade, vem a bonança". Outros tempos virão e nessa altura vai retomar as suas viagens e os passeios de bicicleta, que de resto li aqui que pedalou muitas vezes para o hospital e vai sentir-se de novo em liberdade.

Vamos lá a arribar, ânimo.

Um beijinho com muito carinho

Helena
Helena a 17 de Novembro de 2012 às 18:47

Podes sentir-te com cancro. Agora mais oi que nunca, mas estás estupidamente longe de te confundires com ele.
Hang in there
Ana C a 17 de Novembro de 2012 às 18:52



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