As rádios emitem em várias frequências. Estes episódios, contudo, situam-se numa frequência diferente, não uma de rádio, mas de radio. Como em Radioterapia. Episódios de um tratamento oncológico (à suivre)
Sábado, 16 de Julho de 2011

 

Ritmo. Vida. Inspira. Expira.

 

"De certa forma Hip Hop é estar na política
Não aceitar tudo calado, é desenvolver consciência crítica
O som que analisa, critica, contesta
Não te esqueças que Hip Hop também é festa
Ritmo e poesia é o que nos caracteriza
E quem não sabe dançar improvisa"

publicado por Silvina às 11:45

Quinta-feira, 14 de Julho de 2011

De vez em quando encontro umas frases giras sobre a arte de não fazer nada:

 

"La verité est que dans la vie humaine, la plupart du temps, il n'y a rien à faire et que par conséquent l'homme sage -ou la femme- est celui qui cultive l'art de ne rien faire."

 

in Bangkok 8, by John Burdett

 

Pois é a isto que se tem resumido a minha vida -sábia- nestes últimos tempos: cultivar a arte de não fazer nada, e lidar (ainda) com os efeitos secundários.

publicado por Silvina às 19:13


 

* Ou o maravilhoso mundo dos anos 90

 

* Ou ainda "I love Evan Dando"

publicado por Silvina às 19:10

Terça-feira, 12 de Julho de 2011

publicado por Silvina às 23:27

Sábado, 09 de Julho de 2011

publicado por Silvina às 02:20

Domingo, 03 de Julho de 2011

Versão acústica de uma das minhas músicas preferidas de sempre...

Marisa Monte com Paulinho da Viola

 

 

publicado por Silvina às 18:46


Pronto, a minha actividade física -ou o famoso ginasticar da Rua Sésamo- resumiu-se a duas idas ao ginásio até ficar doente outra vez. Nada a ver com cancro. Desta vez foi uma contractura muscular (não sei se se diz assim), que me obrigou a andar de coleira (leia-se, colar cervical) três dias, e aumentar a minha dose de medicamentos para o triplo. Bonito.

 

O objectivo do ginásio era ficar mais saudável, mais tonificada. Em vez disso fiquei de cama, com dores do caraças e de coleira enfiada.

 

Isto ilustra o que é a recuperação de um doente com cancro: longe de ser uma curva ascendente, onde cada dia estamos melhor, é mais uma montanha russa, onde num dia estamos benzinho e no dia a seguir na merda, e onde temos sempre por companhia uma data de comprimidos.

 

Começo a desesperar.

 

Queria tanto voltar a sentir que tenho o controlo da minha vida, que posso fazer as coisas que me proponho fazer, que tenho todas as condições para alcançar os meus objectivos. É que determinação não chega. Por mais determinada que esteja não posso apagar as dores e injectar saúde neste corpo. Tenho que me conformar. É isto que me põe doida; eu que NUNCA fui pessoa de se conformar com nada -aliás, o meu lado rebelde impede-me de aceitar conformismos-, sou agora obrigada a fazê-lo. O cancro dá cabo da personalidade de qualquer pessoa. É-se obrigado a mudar sem o queremos.

 

Sempre vi a mudança como uma coisa inerentemente positiva, parte do meu carácter meio nómada. E aceitei-a até aqui sem medos, porque a mudança faz parte da vida. Mas só é bonito (como o 25 de Abril) se a pudermos escolher. Quando é uma mudança imposta, que nos transfigura para pior, o desafio de a aceitar e de aprender a transformar a mudança numa coisa positiva é enorme.

 

Por isso nunca se pode voltar a ser quem se era antes do cancro. Simplesmente, não é possível. E assim tenho que me reinventar, quando estava tão bem na minha pele antes do cancro. Agora sou forçada a ser outra pessoa, parece que tive que nascer de novo. E nascer dói. Por isso é que considero esta fase (da recuperação, da remissão) a mais complicada no percurso para a cura. É quando se precisa de mais apoio, porque temos que reaprender basicamente tudo sobre nós próprios. Os nossos valores e referências mudam para sempre. De repente, já não temos chão. O que considerávamos sagrado torna-se profano. Tudo gira do avesso, e somos apanhados no meio deste turbilhão de medos, emoções e mudanças não pretendidas.

 

40% dos doentes de cancro nesta fase desenvolvem uma depressão. A sensação de incompreensão é maior do que nunca. Numa altura em que toda a gente julga que nos devemos sentir aliviados e felizes por estar em remissão é quando nos sentimos mais pressionados e tristes, onde os nossos medos emergem e o pessimismo que temos a priori se expande, incontrolável. Todas os problemas que antes do cancro já tínhamos dificuldade em ultrapassar agora aumentam exponencialmente. Auto-estima? O problema aumenta para doses inimagináveis; Desequilíbrio? Stress? Idem, idem, aspas, aspas. E não há ninguém, nem comprimido nenhum que nos salve. Temos de estar à altura, e sair da sombra deste contexto, reinventar formas de vida, reconstruir uma pessoa inteira do nada, e procurar pedacinhos do quotidiano que façam sentido, que nos tragam uma certa (ilusão da) felicidade.

publicado por Silvina às 15:13


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