As rádios emitem em várias frequências. Estes episódios, contudo, situam-se numa frequência diferente, não uma de rádio, mas de radio. Como em Radioterapia. Episódios de um tratamento oncológico (à suivre)
Fluido, forte, elástico, flexível, adaptável e belo.
São anos de treino intenso e intensivo para conseguir movimentos destes.
Mas com o esforço e dedicação chega-se lá.
Ode ao acreditar, que eu não quero ser b-boy (b-girl, aliás), mas quero um corpo que me obedeça, que não me dê dores e se que transcenda para além dos seus limites.
Vi este artigo na mailing list do MD Anderson Cancer Center (EUA), e achei por bem partilhar. Como a imagem não se vê muito bem, aqui fica o link para o artigo e o respectivo documento em .pdf, para quem quiser imprimir e colocar na cozinha.
We are making progress in the fight against cancer. The American Cancer Society said Wednesday that death rates are going down. Between 2004 and 2008, they dropped 1.8 percent each year for men and 1.6 percent for women. However, CBS News medical correspondent Dr. Jon LaPook reports there has not been much improvement for teens or young adults.
When Caroline Hale counsels young people with cancer at Vanderbilt Children's Hospital, she speaks from experience.
Ten years ago, at age 13, Hale complained of back pain. Doctors said it was from her backpack, but she turned out to have non-Hodgkin's lymphoma wrapping around her spine.
"They hit you with so much poisonous drugs," she said, "so many poisonous drugs, so much chemotherapy, that you just can't help but feel lifeless."
Hale is part of a largely unknown group in the war on cancer. Adolescents and young adults aged 15-to-39 account for more than 72,000 new cancers every year -- seven times more than pediatric cancers. Unlike other groups, their mortality rates have not improved.
"Our peers are suffering," Hale said, "because there's not been medical advances that have trickled down to our age group."
After surviving brain cancer at age 21, Matthew Zachary founded an organization called Stupid Cancer.
"Young adults don't get cancers that are easily screened," said Zachary. "They get Hodgkin's, they get sarcomas -- usually not detectable cancers. It's not going to the doctor and say, 'Screen me for Hodgkin's,' because there is no such test. By the time you realize what you have symptomatically, it's probably too late or Stage 4."
Survivorship at a young age can mean a lifetime of complications from the treatment. Hale needed hip surgery in high school. Last year, Zachary suffered a stroke.
"What 's your journey been and what have you found out? What has it told you about the system? LaPook asked Zachary.
"I found out that the system is really broken," he said. "That when the doctor says, 'You're cured, go home,' that's not the end of the story. You have the rest of your life to get busy living through the challenges and consequences of not dying from your treatments."
For Zachary, those consequences included losing his career and infertility. But after nine years of trying, he and his wife Jessica had twins.
"When you are 60 years old, you don't care about fertility. When you are 6, you don't really care about fertility. When you are 21 or 28, or you have a child or want to have a child, or your chemotherapy makes you impotent or infertile -- you have the right to live, you have the right to have children, and that should not be taken away from you. This is a unique issue that only faces people in their fertile years, which are largely young adults."
Both Caroline Hale and Matthew Zachary were initially misdiagnosed. Researchers are just starting to focus on the special needs of this group. Up until now, everything has been lumped together with all non-pediatric cancers.
O Matt foi a primeira pessoa com um cancro da glândula salivar que descobri na internet. Falamos um pouco virtualmente, mas acima de tudo identifiquei-me muito com ele. Porque ele tinha a minha idade, porque ele viajou e foi viver para sítios do mundo onde eu também já estive e viajei, porque ele também enfrentou a incredulidade de ter um cancro raríssimo aos vinte e poucos anos. A última vez que lhe escrevi foi em resposta a um mail onde ele expressava a frustração que sentia porque teve que abandonar o que gostava de fazer (dar aulas) por causa do cancro. O Matt sentia profundamente o que eu também sinto: a revolta por tudo aquilo que o cancro nos roubou, tudo aquilo que o cancro nos impediu de fazer, todas as oportunidades perdidas, as relações destroçadas, as viagens nunca realizadas. Ainda sinto esta revolta muitas vezes, ainda não me consegui habituar à ideia que a minha vida, o meu corpo, têm outro comandante ao leme, e não sou eu.
O Matt descobriu que tinha metástases nos pulmões, um pouco antes de mim.
O Matt foi a primeira pessoa com um cancro da glândula salivar que conheci e que, aos 26 anos, morreu. Eram duas da manhã quando acedi ao site dele, e quando li a mensagem que a mãe dele deixou no site com a noticia de que ele tinha partido. Não me lembro de ter chorado tanto. Não sei se por ele, se por mim, se pelos dois. Ainda hoje choro ao escrever isto, porque é demasiado triste, demasiado injusto. Porque ele não deveria ter morrido. Porque eu não deveria estar doente.
Tento fazer sentido da morte dele, tento pensar que enquanto esteve vivo inspirou muita gente, tento lembrar-me da força que ele teve, tento que a sua vida me dê forças em vez de me trazer uma tristeza que me aperta o esófago e que quase me sufoca. Mas não sei como encaixar isto. Não sei como racionalmente compreender a morte de um jovem de 26 anos que tinha a mesma doença que eu. Não sei como me dissociar do seu destino, não sei como continuar a ter esperança que não vamos partilhar o mesmo fim, pelos mesmos motivos. Porque é tão injusto, é tão profundamente injusto que me dói a alma.
Sinto-me um cyborg. Entre a placa de metal que tenho na boca, menos um osso da perna e mais um cateter e respectiva caixinha de plástico implantados debaixo da pele, sinto-me meia pessoa, meia máquina. Sou um Robocop do cancro.