Consulta de corredor com o Dr Lambard, que me incita a não viver em função da doença e a fazer agora o que eu sempre quis fazer na vida. Eu respondi-lhe que já vivo a vida assim, que faço o que quero (o que é uma meia verdade, faço o que quero quando posso -e com quem posso). Há pessoas que vão fazer voluntariado, outras que mudam de emprego e de vida; eu cheguei a casa e fui pesquisar bilhetes de avião. Viajar, evadir-me, ser outra por momentos, é a minha cena.
Por um lado gostei que ele me tivesse dado trela, para andar por aí a fazer o que me apetece. Por outro lado, aquele aproveita "agora" revela a possibilidade do "agora, porque depois já não vais poder". E eu quero poder ter rédea solta o resto da vida. E não só agora, enquanto a próxima recidiva não chega. O Lambard é amoroso, mas acho que ele às vezes nem faz ideia do impacto que as palavras dele têm em mim. Para o bem e para o mal, ele balança-me, destabiliza-me e conforta-me ao mesmo tempo.
[Acho que o próximo destino vai ser assim bombástico. "Agora" nada me pára.]