Nestes dias ando vacilando, sendo o sono pouco e o apetite nenhum. Forço-me a comer para não perder mais peso. Tive uma mini crise de pânico porque tenho medo dos efeitos secundários que se seguem, e esse medo paralisa-me e provoca-me um choro descontrolado. Estou a esgotar a minha força, a minha energia vital. Não como o suficiente, não durmo metade do que devia, e a minha energia vital esvai-se, aos poucos... Ânimo abalado, esperança diminuída. Espero que isto seja normal. Que outras pessoas que lutam contra o cancro também já se tenham sentido assim durante uns tempos, e que depois tenham sido capazes de se levantar e não baixar as armas. Eu admito, não é um dia mau, são vários. Estou a vacilar com o cansaço, com as dores, com a perspectiva do que ainda aí vem. Em suma, estou farta de sofrer. Estou farta de ver a minha vida fluir desta maneira, de sentir o meu corpo dorido e inchado todos os dias. Estou farta que a garganta arranhe, que me doa cada vez que engulo saliva. Estou farta de comer líquidos, e de andar coxa porque a ferida da perna ainda não sarou e tenho o tendão à mostra. Estou a falhar na renovação da energia, no roubar força aos outros, no optimismo perene e teimoso. Sinto-me a ir, a fraquejar, devagarinho...