Eu antes não chorava. Só muito raramente, talvez duas vezes por ano. Agora tudo me emociona, ao extremo de não conseguir controlar os olhos a ficarem molhados e as lágrimas a escorrerem como se não houvesse amanhã. Sempre que vou tomar café com a M. são rios de lágrimas e emoções. Eu sei que isto faz parte do meu novo "eu pós-cancro". E não sei porque choro tanto agora. Talvez porque com as emoções vem a certeza de estar viva e respirar, de estar aqui, presente nos meus dias. Talvez porque as lágrimas me trazem o consolo de que venci esta etapa. Não sei porquê, e confesso, ainda me custa a aceitar esta minha faceta tão lamechas. Não pareço eu. Mas é isto que o cancro faz a uma pessoa, muda-a.