As rádios emitem em várias frequências. Estes episódios, contudo, situam-se numa frequência diferente, não uma de rádio, mas de radio. Como em Radioterapia. Episódios de um tratamento oncológico (à suivre)
Segunda-feira, 25 de Abril de 2011

Hoje acordei com a neura e dor de cabeça. Em vez de me ir manifestar decidi ficar por casa. E dei por mim a pensar na liberdade. O que é que ela significa para mim?

 

Com todas as mazelas físicas que ainda sinto não me considero muito livre. Há imensas coisas que não posso ainda fazer (short list: comer normalmente, andar de bicicleta, viajar, parar de tomar morfina, fazer desporto, correr, ...). Mas por outro lado sinto-me um bocadinho mais livre do que há uns meses atrás, onde estava ainda pior, deitada numa cama de hospital sem poder comer, falar nem andar.

 

Mas o Dia da Liberdade lembrou-me o enorme paradoxo da minha vida: Como é que me posso sentir livre se tenho sempre o espectro do cancro à espreita em cada esquina da minha vida? Que é como quem diz, à espreita de 3 em 3 meses, cada vez que tiver de fazer exames de rotina. Como é que me posso sentir livre se não posso planear nada, se não me atrevo a sonhar ou a ter objectivos de vida a curto/médio prazo?

 

Dou por mim a pensar muito nas pessoas que ainda estão muito mais reduzidas e limitadas do que eu a nível físico. Essas pessoas conseguem uma paz e um equilíbrio que vem de um estado de liberdade mental que elas conseguem atingir. Mas eu não. Ainda vejo com demasiada intensidade as frustrações de não conseguir fazer certas coisas, viver o que considero "um dia normal", e isso condiciona-me os anseios de liberdade. Um dia vou conseguir cagar completamente no cancro, nos prazos de validade de 3 em 3 meses, nas mazelas físicas e I will rise above. Vou elevar-me acima disso tudo e inspirar com força a Liberdade.

publicado por Silvina às 19:16


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