Os exames estão todos bons. Estou oficialmente em remissão, depois de 1 ano e 8 meses de luta. Estou na primeira etapa para a cura e ainda me custa a acreditar. Agora é fazer o impossível e viver um dia de cada vez, sem pensar nos próximos exames que serão daqui a 3 meses. *Até aqui tudo bem, como diz o titulo deste post. é tempo agora de tratar de mim, de me respeitar mais, de lutar TODOS os dias para viver em pleno, presente nas minhas acções e respirando a fundo cada momento. Quero fazer o máximo desta vida.
Por isso é que não aceito a tendência que tenho para o pessimismo, para os estados depressivos, para os episódios de bulimia, para as preocupações extremas, a baixa auto-estima e a falta de confiança em mim própria. O cancro dá uma grande lição de vida a uma pessoa, mas não a repara; as coisas que estavam estragadas continuam a estar presentes e a ser problemáticas. Só que agora tenho mais vontade de resistir a esse lado negro da força, e digo e repito a mim própria que a luta é para toda a vida, todos os dias, e que se não baixei os braços e lutei contra o cancro, também não é agora que os vou baixar.
Vou lutar para que a minha vida faça sentido, para deixar de existir e começar a viver. "Il est temps de vivre la vie que tu t'es imaginée." (Henry James), pode ler-se num postal colado na parede do meu quarto. E foi preciso um cancro para me aperceber disto. Para acordar da vida de dormência existencial que tinha antes. Parece que andei adormecida, a passear pela vida, entretanto passaram uma data de anos e eu nem me lembro do que andei a fazer. Espero que o próximo despertar aconteça sem tanto drama, e que me seja mais fácil estar atenta a mim e não me deixar chegar ao ponto de inércia característico desse viver em standby.