(Um dia) A morte passou-me ao lado
E não me posso queixar senão é pecado
"Respira fundo, escapaste de boa"
Dizem-me, esperançosas palavras à toa
Não foi ao lado, foi por entre
Como uma lança espetada no ventre
Ainda hoje caminho com ela -espetada-
Passos delicados, cabeça rebaixada
Sem rumo desenhado, só a seguir em frente
A tentar endireitar-me, a fingir que sou gente
Para provar que mereço este ar que respiro
Mas ele suga-me o folgo, como um vampiro
(...)
Mas de que serve a vida, se vivida com receio?
Distâncias à parte, não há outro meio
Por hoje estou cá, ganhei a batalha
Depois veremos, migalha a migalha.