A meio da 5a semana, lá estavam eles, à espreita. Preparados para me atacarem como se impulsionados por lobos selvagens, esfomeados e babados. Aguentei-me firme, com paracetamol, leite quentinho e dose extra de paciência. "Il faut être paciente maintenant", disse-me o Lambard. "Je sais", respondi, "mas a paciência não é o meu forte".
Mais uma característica que surge com o cancro, que cresce com ele e que tem de ficar depois de ele se ir. A paciência é mesmo uma virtude.
A minha pele está seca e cansada. Como um tronco de madeira seco ao sol, pronto a estalar, pronto a pegar fogo por dá cá aquela palha. às vezes faz comichão, às vezes coço, outras arde, e eu sei que não lhe posso tocar. Só mandar água para cima. Daquela que eu gosto, Agua Termal.
A minha boca está seca como um lobo saciado. Há uma semana perdi (quase) a voz, porque uma inflamação me assaltou a garganta, acho que foi do frio, com efeito, tem estado aqui bastante frio. Frio é o que não falta. Mas eu já estava seca, agora estou dorida e calada... Not good.
Comecei ontem a 6a semana. Pedi a um interno drogas para a garganta, estou farta de cuspir expectoração amarela de manhã e, tirando a pele que arde e a boca que teima em secar, o cansaço mental e a falta de pachorra, olha que porra, eu até estou bem, já merecia umas mezinhas para bochechar e para me desinflamar este corpinho.
Concentração. Já só faltam duas semanas e mais um cochicho. Vamos lá!