Noutro dia alguém me disse que não teria a minha força, que não teria nunca aguentado tudo o que eu passei (vide post "cancro: como tudo começou"). Eu própria às vezes não sei como o fiz/faço. Se me tivessem dito no principio, em Outubro de 2009, que eu iria passar por 7 cirurgias, 4 tratamentos de radioterapia, quimio, e tanto sofrimento, eu não teria acreditado. Teria mesmo mandado tudo à merda e ido dar a volta ao mundo com o tempo que me restava.
Então como é que eu fiz/faço? Uma coisa de cada vez. Porque sim, eu passei por isso tudo, mas não foi tudo ao mesmo tempo! Foi uma coisa de cada vez. O Dr. Lambard também me ensinou que uma coisa vem depois da outra: primeiro trata-se do mais urgente e perigoso, depois, com calma, pensa-se no resto. Faz-se um plano, elabora-se uma estratégia. E este plano tem de ser reavaliado a cada passo, a cada etapa. Exemplo com o cancro (aplicável a outras vertentes da vida): 1° opera-se o pulmão, que é mais urgente. Depois radio para o gânglio. Se a radio funcionar, muito bem. Se não funcionar, novo brainstorming, novo plano. E assim por diante...
Estou mesmo convencida que esta é a forma de resolver problemas na vida. Não encarar tudo ao mesmo tempo, não procurar resolver todas as coisas ao mesmo tempo. Uma coisa de cada vez. E agora ando a aprender a ter objectivos de vida mais a curto prazo, para os ir atingindo um de cada vez. Ninguém disse que era fácil. Eu demorei meses até perceber esta dinâmica aparentemente tão simples de "uma coisa de cada vez".

