"En ce qui concerne le stress, tout malade ressent le cancer comme une terrible injustice. On a envie d'avoir une cause, un coupable." Françoise May-Levin (cancérologue et bénévole à La Ligue contre le cancer), tirado de um artigo do L'Express.
Tenho um cancro ORL onde mais de 90% dos doentes são (ou foram) fumadores e/ou alcoólicos. Eu nunca fumei (os cigarros surf que fumei com 9 anos escondida atrás do muro da escola não contam), bebida claro que já bebi, como toda a gente. Sou exactamente como toda a gente. Como muitos legumes, porque faço uma alimentação pseudo-vegetariana -não como carne há 9 anos- mas peixe sim, e ovos, e queijo (hmmm tão bom queijinho de cabra). Porquê eu? Porquê eu, gaja saudável, com 27 anos, com estilo de vida saudável? é a pergunta que não tem resposta nestas histórias de cancro. é um daqueles azares da vida. Há uns bons outros maus. Para contrabalançar, também acho que o amor é um daqueles azares da vida. Senti-me tantas vezes com o rei na barriga, capaz de fazer tudo na minha vida, com total poder de decisão e escolha. Recentemente aprendi que não. Que há mesmo coisas incontroláveis, que se passam malgré nous, que nos invadem a existência e nos acordam de noite, e nos recheiam de stress e mal à l'aise.
Como acredito numa espécie de karma, género what goes around comes around (ja dizia o Bob), também acho que vai haver contrapartida. Ok, agora é o cancro. Sr. karma, o próximo azar que seja uma coisinha mais positiva sim? Para tirar esta barriga de misérias.