Artigo no Isaude (sublinhados meus):
05.01.2012
Comissão britânica recomenda descriminalização do suicídio assistido
Recomendação consta em relatório que será divulgado para incentivar debate geral no Reino Unido e mudar a atual legislação
A chamada Comissão Britânica para Suicídio Assistido recomendou que se permita aos médicos ajudar doentes terminais a morrerem sem que por isso sejam processados.
A recomendação está contida em um relatório que será divulgado nesta quinta-feira (6) para incentivar um debate geral no Reino Unido e mudar a atual legislação sobre o suicídio assistido.
A legislação britânica estabelece penas de até 14 anos de prisão para quem ajude uma pessoa a cometer suicídio.
A comissão, a cargo do ex-procurador-geral lorde Falconer e integrada por 11 especialistas na matéria, analisou a atual situação e entregou suas recomendações ao Parlamento.
Segundo o relatório, os doentes com expectativa de menos de um ano de vida deveriam ter a opção de pedir a seu médico uma dose de alguma substância que lhes ajude a morrer sem que isso represente um delito para o médico.
O doente, no entanto, deveria estar em condições de administrar sozinho a medicação, como sinal de que se trata de uma decisão tomada de maneira voluntária.
A comissão especifica que deve haver medidas estritas para garantir a proteção das pessoas que não tenham capacidade mental para tomar decisões, que estejam com depressão clínica ou se vejam pressionadas por parentes e amigos a tomar uma decisão.
Estas recomendações são rechaçadas pelos grupos contrários ao suicídio assistido, pois consideram que muitas pessoas vulneráveis podem ver-se pressionadas a se matar.
A chamada Aliança pelo Cuidado e não pela Morte, contrária à mudança na legislação, estima que se estas recomendações virarem lei possa acontecer 13 mil mortes assistidas por ano.
"A comissão indica que há um forte argumento para facilitar o suicídio assistido no caso dos doentes terminais", ressalta o relatório.
"É possível contemplar um marco legal que estabeleça circunstâncias bem definidas para ajudar doentes terminais a morrerem, apoiados por profissionais médicos e pelos serviços sociais", acrescenta o texto.
Eu concordo porque acho que todos devemos ter a liberdade de decidir sobre a nossa vida. E decidir sobre a vida é também decidir sobre a morte numa situação de doença crónica, incurável, terminal. Infelizmente já me vi obrigada a pensar e repensar bastante este assunto e chego sempre à mesma conclusão: viver em liberdade terá que implicar podermos ter escolha. A escolha de morrer de uma forma mais digna, com menos sofrimento, no fundo, de uma forma mais humana. Neste momento há muitos doentes de cancro (falo do cancro porque obviamente é a realidade que eu conheço melhor) que morrem de fome, borrados de morfina, num sofrimento atroz. Outros que morrem de insuficiência respiratória, e estão ali, conscientes, ligados às máquinas até o corpo dar de si. Isto para mim não faz sentido. Se confrontada com uma situação de fim de vida por causa deste carcinoma muco-epidermóide, gostava de ter o direito de escolher. Num Estado de direito, na Europa onde vivemos, acho que isto deveria ser um direito inalienável.