Voltei e fui acolhida com chuva e temperatura de uns simpáticos 10°C. Muito diferentes dos 32°C que faziam lá onde estive.
Voltei e (re)comecei e a comer chocolate, em parte porque estou cansada da viagem de 18h, e doutra parte porque me preparo para fazer exames já na segunda-feira, e é com dificuldade que controlo o medo. E atento nesta dor que de vez em quando teima em surgir do lado direito do peito, e que quero pensar que é só ansiedade. E tenho saudades da minha avó, mais do que nunca. As saudades são belas e terríveis, ainda bem que as tenho mas não gosto dos momentos de tristeza, da ausência, do vazio. é como que se o espaço dela ainda aqui estivesse, mas ficaram só os contornos. O interior que antes estava preenchido agora já não está. Ela partiu.
E regresso para saber da morte do Miguel Portas, de um (cabrão de um) cancro do pulmão. E do novo transplante da Carmenzita. E do familiar da Susana. E da Kitty Fane. E podia continuar a enumerar um sem fim de pessoas que sofrem com isto. E sinto-me triste que o meu regresso a Paris me relembre sempre este sofrimento. Uma cidade tão bonita não merece estar assim tão interligada à experiência cancerígena. Ou talvez seja só a chuva, que não pára, e o frio que se faz sentir e que já me obrigou a ligar a "chauffage" que já tinha desligado para poupar dinheiro.