As rádios emitem em várias frequências. Estes episódios, contudo, situam-se numa frequência diferente, não uma de rádio, mas de radio. Como em Radioterapia. Episódios de um tratamento oncológico (à suivre)
Sexta-feira, 25 de Maio de 2012

 

Acabei de ser operada. E o que mais me bateu hoje não foi o regresso ao hospital, nem o ritual de vestir a bata transparente, tirar as jóias, enfiar uns plásticos nos pés e uma touca na cabeça, nem sequer foi ouvir o médico dizer-me que se calhar o que tenho (tinha) no pescoço é mesmo um quisto e não um gânglio. O que mais me bateu hoje foi o facto de ter lido o teu livro antes e depois da cirurgia. Acompanhou-me nesta viagem, na mente, na pele, na maneira de me emocionar com o mundo -mesmo este meu mundo hospitalar. Transportou-me todo o dia, desde o momento em que o abri no metro até acabar de o ler na cafetaria do hospital, rodeada de batas brancas e verdes e pés com socas (acho que são Crocs), já com uma nova cicatriz e novas dores, e um sumo de laranja à frente. A satisfação de sentir algo enorme, maior do que eu, é mil vezes superior à de compreender um conceito metafísico importante ou de fazer uma fantástica descoberta racional. Raramente me tinha sentido assim tão inundada de emoções, e, sobretudo, nunca me lembro de ter gostado. 

 

E devo isso tudo ao teu livro, que escreveste com 25 anos e que pela tua amizade me chegou às mãos na altura certa. E tenho a certeza de que também o li na altura certa. Hoje. Obrigada por estes momentos de profundo sentir, e pelas viagens por Paris, Veneza e Roma. Também as conheci por esta ordem. E no fim, o regresso a Paris e a vontade de regressar a Lisboa. Sinto-me estranhamente em casa.

publicado por Silvina às 17:38

Ó, pá :) chorei. Não sou a Cê, mas sou doida pela Cê e sei o que isto significa para ela e agradeço-te por este post, Silvina.

(E voltei a acreditar piamente no quisto).
Melissa a 25 de Maio de 2012 às 19:23

(costumo esquecer-me do óbvio: que as dores desapareçam depressa, moça. Tenho uma tia reikiana que te vai ajudar de longe - espero que sintas a energia boa).
Melissa a 25 de Maio de 2012 às 19:25

(no meio de tudo o resto) Que bom, Silvina :)

Espero que a recuperação corra bem e que vás sempre encontrando destas boas descobertas. Um abraço!

(e ainda bem que gostaste do postal - chegou em dois dias, uau!)
gralha a 25 de Maio de 2012 às 20:38

Não conheço a Ana C, mas fiquei comovida na mesma com o teu post.
Ainda bem que mais um mau bocado está passado. Que as dores não tardem a passar também. E que consigas continuar a encontrar, num livro, no que for (mas eu acho que os livros são especialmente bons para isso), aquela coisa que permite o espírito voar, esquecer o que se passa à volta, e transportar-te para um outro lado qualquer. Isso, acho, ajuda muito nas fases menos boas! Abraço grande :-)
Zu a 25 de Maio de 2012 às 20:40

É tão bom ler-te!
Boa recuperação, beijinhos***
Ana a 25 de Maio de 2012 às 20:50

E se isto não leva o A Vontade de Regresso para o top de vendas da Fnac, não sei o que é que leva :)
gralha a 25 de Maio de 2012 às 20:55

Esta foi a homenagem mais bonita que já me fizeram. Estou sem palavras.
O meu livro nas tuas mãos, está onde pertence, pois tenho a certeza de que és a "Teresa" na vida de muitas pessoas, incluindo na minha.
Uma grande dose de pomada anestesiante em todas as tuas feridas e uma imensa dose de amor. You can do it.
Ana C a 25 de Maio de 2012 às 21:16

Fui melódica, não fui? :)
Silvina a 26 de Maio de 2012 às 12:11

Não conheço o livro nem a autora mas deixaste-me cheia de curiosidade de o ler. Boa e rápida recuperação. O nosso coração está contigo.
Beijo grande
SB a 28 de Maio de 2012 às 11:39

Silvina, tenho na ideia que a Ana C. é um pilar na vida de muita gente.
Foi com um sorriso enorme que li este post, porque a Cê e a sua escrita ajudaram-me muito, num grande momento da minha vida: a maternidade!
Naná a 28 de Maio de 2012 às 14:41



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