Nos cuidados intensivos de Cardiologia estive constantemente ligada a eléctrodos que me mediam o batimento cardíaco, e todas essas informações apareciam num monitor situado por detrás da cabeceira da cama, logo, nas minhas costas.
Um dia tive a visita de duas amigas de longa data, que vieram de Portugal passar uns dias comigo, e que, claro, estavam ansiosas para finalmente conhecer o Dr Lambard. Que pouco depois irrompe pelo meu quarto adentro, fica surpreendido ao vê-las ali, e começa a falar comigo um bocado atrapalhado. E eu também atrapalhada, porque conheço as minhas amigas e sabia EXACTAMENTE o que é que elas estavam a pensar naquele momento... Tentei abstrair-me dos meus próprios pensamentos pecaminosos e concentrei-me o mais que pude no discurso médico, nas informações, nos valores sanguíneos,... E passado um bocado embaraçoso, lá nos despedimos.
Já em casa, ao recordar a cena, diz-me a minha amiga: "E o monitor, que mostrava o teu coração a disparar e a começar a bater mais depressa!!!" Portanto, o mesmo monitor que estava viradinho para o Dr Lambard, que ele podia ver durante TODO O TEMPO que esteve ali a falar comigo, e que eu, claro, nem que apercebi... Fui desmascarada por batimentos cardíacos, escarrapachados num monitor qual detector de mentiras. Maior episódio de pós-coranço de sempre!