O sol brilhou assim para mim:
E eu, lamechas, achei que devia apreciar o momento, raro, de soleil em pleno Dezembro parisiense. Parei, saquei do telefone e tirei esta foto. E às vezes olho para ela e penso que esta aberta é um bocado uma metáfora da minha vida. Numa rua de um bairro qualquer sem o glamour dos arrondissements conhecidos e nobilitados do centro da cidade, o chão molhado depois de uma valente chuvada, as árvores que rompem as nuvens e que nuas esperam que as folhas lhes regressem, e um sol que me explode na cara e que, aquecendo-me o pescoço, me relembra que é isto que significa estar ainda aqui, viva, a respirar. São estes os momentos que em alguns dias me bastam, e é difícil explicar porquê, mas a mim faz-me sentido, porque eu sinto profundamente estes episódios, e é isso que nos dias bons me alimenta o ser.