imagem roubada descaradamente do Google images
Há uns tempos rosnava muito ao cancro, quase cada semana era altura de rugir. Agora encaro a coisa de forma diferente. é quase uma filosofia do "se não o podes vencer, junta-te a ele". Eu explico. Tenho vindo a aperceber-me que cancro é para a vida. Que ter cancro é a minha vida. E por isso todos os dias aceito que tenho que viver assim, mas não deixo que isso me frustre. Sei que não o posso vencer já, hoje, assim de um dia para o outro. E não me junto a ele no sentido carnal, mas sim no sentido "não te deixo fugir, vou-te controlar".
Como diz o Lambard, não nos conseguimos adiantar a este carcinoma muco-epidermóide; até agora temos estado sempre a correr atrás dele, qual burros atrás da cenoura. Mas temos conseguido acompanhar o ritmo, a distância entre nós não tem aumentado assim tanto. Estamos em 2° lugar, mas o 1° ainda está à vista. A sério que sempre que leio notícias de cancro (actividade a que me dedico diariamente) penso se não será essa que me permitirá perceber intelectualmente este cancro e finalmente ganhar-lhe algum avanço. As últimas coisas que tenho andado a ler estão relacionadas com células dendríticas, e os respectivos ensaios clínicos que testam várias vacinas promissoras.
Eu não sou médica, isto tudo pode parecer muito bonito e prometedor mas a verdade é que é tudo muito experimental, não se sabe quais são os efeitos que poderá ter no sistema imunitário a médio/longo prazo. é o problema também do cancro. O timming. A dificuldade toda reside em saber qual é a altura certa para avançar, ou para recuar, para atacar ou para esperar, para experimentar ou não este ou aquele tratamento.
Sinto-me como uma leoa que mais do que rosnar ao cancro, se agacha, mirando bem a sua presa e esperando pela altura mais favorável para passar ao ataque.